ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) e dos movimentos Reaja, Taboão e Acorda, Taboão realizaram nesta quarta-feira, dia 7, protesto que bloqueou a rodovia Régis Bittencourt e paralisou o tráfego por mais de duas horas em direção ao centro de Taboão da Serra. Apesar do transtorno para motoristas que ficaram parados ao longo de cinco quilômetros, o ato foi pacífico, sem incidentes. Cerca de duas mil pessoas participaram, segundo a organização.
Os manifestantes exigiram alteração no plano diretor para implantação de nova área de Zeis (zona especial de interesse social) – para moradia popular – no Jardim Salete, agilização no atendimento e triagem de concessão de auxílio-aluguel para integrantes do MST e construção de creche no conjunto habitacional já em construção no bairro, compromissos assumidos no fim do ano passado e não cumpridos pelo prefeito Fernando Fernandes (PSDB), segundo os sem-terra.
Os movimentos ainda denunciaram o que chamaram de “colapso” da saúde pública em Taboão e “epidemia de dengue que assola o município” – que registrou novo aumento de casos, para 76 vítimas diagnosticadas, das quais 56 contraíram na cidade (autóctones), do total de 361 notificados. Eles também voltaram a protestar pela reabertura imediata do antigo Pronto-Socorro Akira, fechado em 2013 pela prefeitura e que após reforma deverá ser um ambulatório de especialidades.
Os manifestantes partiram do Salete, na altura do km 274, e caminharam até a UPA Akira Tada, em frente ao Shopping Taboão, que fechou os portões ante a aglomeração. No local, soltaram rojões para chamar a atenção da população. Um grupo subiu até a entrada do pronto-socorro, mas dezenas de guardas municipais se colocaram diante do prédio. A estudante Bruna Maioli, 23, moradora do Jardim Record que morreu, no dia 28, com suspeita de dengue, foi lembrada.
Depois de cerca de meia hora, os movimentos voltaram para a BR-116 e caminharam até a região central, onde pararam diante do antigo PS Akira Tada e seguiram para a frente da prefeitura. Após quase 40 minutos, o prefeito, que não estaria no prédio, recebeu a coordenação do MST e assinou novo termo de compromisso para atender as reivindicações do sem-terra referente a moradia, em reunião de que também participou o presidente da Câmara, Eduardo Nóbrega (PR).
Segundo apurou a reportagem, o prefeito incumbiu a Secretaria de Habitação a realizar um cadastramento e triagem de sem-terra para auxílio-aluguel, aos sábados, em datas a serem definidas; convocará o Conselho Municipal de Habitação para em 14 de maio, às 19h, discutir sobre a Zeis remanescente do Salete; marcará audiência pública, provavelmente em 24 de maio, pela manhã (9h), na escola Therezinha Volpato, no bairro, para tratar da mudança da área para moradia.
Após cumprimento de exigência da legislação, com realização da reunião do conselho e da audiência pública, Fernando prometeu enviar projeto de lei com alteração do plano diretor da cidade para ampliação das áreas de Zeis no bairro com empreendimento para o MST para ser votado na última terça-feira do mês, dia 27. “Até o final de maio os compromissos serão cumpridos, é o que diz o documento assinado”, disse o ex-vereador e liderança do MST Paulo Félix ao VERBO.
Para Félix, a manifestação foi “totalmente positiva”. “Os objetivos foram alcançados e demonstrou o poder de mobilização do movimento popular”, disse. Na saúde, porém, o prefeito se mostrou irredutível e disse que não vai reabrir o antigo Akira Tada como PS. “Esse foi um dos pontos mais polêmicos da reunião. Sem acordo”, afirmou o ex-vereador. Fernando “disse que está fazendo o melhor pela saúde e que será julgado pelas urnas nas próximas eleições”, completou Félix.