ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O presidente do Clube Atlético Taboão da Serra, Anderson Nóbrega, diz que “não é fácil” dirigir um time pequeno, com folha de pagamento de R$ 40 mil por mês, mas ambiciona um “projeto grande”. “Quero deixar o Cats na primeira divisão do Estado de São Paulo, então o trabalho vai ser muito árduo”, diz o exigente Nóbrega, que entra em campo para cobrar empenho e resultado. Ele não gostou nada do empate em casa, embora apenas a estreia no Campeonato Paulista da 2ª Divisão, contra o Suzano (2×2), e poucas horas depois do jogo demitiu o técnico Fabio Cunha – que comandou o Cats na notável campanha na Copa São Paulo 2014 (quinto lugar entre 104 times). Neste sábado, dia 12, às 19h (transmissão pela Rede Vida), na Arena Barueri, o Cats enfrenta o Guarujá. Anderson Nóbrega teve com o VERBO este “Papo-aberto”.
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VERBO – O que achou do jogo, hoje [sábado, dia 5] não fomos além de um empate?
Anderson Nóbrega – Toda estreia é difícil. Mas foi bom ver a presença da torcida. Agora, o time tem que ter espírito de vencedor, e dentro de casa não podemos aceitar um empate.
VERBO – Poisé, por causa disso resultado ruim, não?
Nóbrega – Fomos melhores no jogo, mas não concluímos em gol as chances que tivemos. Por esse motivo ruim, sim.
VERBO – Anulação dos dois gols correta?
Nóbrega – O primeiro, não. O segundo, se a bola foi tocada pelo nosso jogador, sim. Mas tenho minhas dúvidas. Parece ter sido toque do zagueiro deles.
VERBO – Confesso que não vi o lance do primeiro gol anulado…
Nóbrega – Uma bola cruzada da linha de fundo, não tem como estar em impedimento.
VERBO – Erro primário, hein?
Nóbrega – A arbitragem brasileira é ruim em qualquer divisão.
VERBO – Mas também perdemos a chance da vitória com o pênalti não convertido…
Nóbrega – Não podemos inventar desculpas pelo mau resultado.
VERBO – Já dá para saber o que mais precisa melhorar?
Nóbrega – O time foi incompetente nesse jogo, faltou mais seriedade e concentração na hora de finalizar. Já fomos campeões duas vezes dessa divisão.
VERBO – 2010 e qual o outro ano?
Nóbrega – 2004. E já sabemos que, além de talento, os jogadores e a comissão precisam ter uma vontade de vencer a cima do normal.
VERBO – Poderemos ter mudanças, substituições?
Nóbrega – Sim, tudo que for para o bem do clube. Este ano, o clube está com apoio da cidade toda, então o objetivo é subir [técnico Fabio Cunha foi demitido].
VERBO – Qual a meta do time nesta temporada?
Nóbrega – O acesso, subir de divisão, e depois repetir o grande trabalho da Copa São Paulo, que a cidade adora.
VERBO – O ano começou realmente especial para o Cats. Precisa terminar bem também…
Nóbrega – O meu projeto é grande. Quero deixar o Cats na primeira divisão do Estado de São Paulo, então o trabalho vai ser muito árduo.
VERBO – Subir para a…
Nóbrega – Série A 3.
VERBO – Nunca chegamos lá, né?
Nóbrega – Na serie A3 já. Na série A 1 [campeonato dos grandes clubes paulistas], não.
VERBO – Ah sim? Em que ano disputamos a A3?
Nóbrega – 2005. 2011. 2012. E, se Deus quiser, 2015.
VERBO – Em 2012 caímos para 2ª [divisão]…
Nóbrega – Isso. Estávamos sem apoio nenhum, foi um ano triste.
VERBO – Uma pena.
Nóbrega – Sim.
VERBO – Neste ano temos jogadores experientes, não?
Nóbrega – Temos, contratamos o Paulo Cesar, ex-seleção brasileira e Santos. E hoje [dia 5] acertamos com o meia Peter, ex-Grêmio, se apresenta segunda para reforçar o grupo [Peter se apresentou no dia 7, como anunciado].
VERBO – O Peter já estará à disposição para os próximos jogos?
Nóbrega – Ele estava jogando no futebol carioca.
VERBO – Onde?
Nóbrega – Resende. Vou pagar as taxas que tem e espero contar com ele [no jogo neste sábado].
VERBO – Ele está com quanto anos?
Nóbrega – 30.
VERBO – O Paulo Cesar não foi relacionado ainda, mas estará à disposição na Segundona?
Nóbrega – Ele sentiu uma lesão na coxa, assim que recuperar já vai estar ajudando o Cats.
VERBO – Ele tá com que idade?
Nóbrega – 35 anos.
VERBO – Agora, temos no elenco jogadores que disputaram a brilhante Copinha, certo?
Nóbrega – Sim. Hoje tivemos quatro em campo.
VERBO – Bom, o [atacante] Thomas é um deles…
Nóbrega – Sim.
VERBO – Quem mais?
Nóbrega – Victor [zagueiro], Caique [volante] e o [atacante Lucas] Nattis.
VERBO – Qual a média de idade do elenco?
Nóbrega – 20 anos.
VERBO – Super jovem…
Nóbrega – Sim, a divisão só permite três acima de 23 anos. Mas a grande maioria tem entre 19 e 21 anos.
VERBO – Teremos três acima dessa idade? O Paulo César é um…
Nóbrega – Sim. O goleiro Paulão é o outro, e agora o meia Peter é o terceiro.
VERBO – O Rogério, goleiro na Copinha, deixou o Cats?
Nóbrega – Não, estava no banco hoje.
VERBO – Ah sim, verdade.
Nóbrega – Mais um jogador que subiu da base.
VERBO – Por que foi para a reserva, agradou na Copinha, não?
Nóbrega – Agradou e muito. Mas no profissional a cobrança é maior. O gasto é muito maior, e não podemos jogar na mão de um garoto essa pressão.
VERBO – Gasto maior?
Nóbrega – Sim. São R$ 40 mil por mês com folha de pagamento.
VERBO – De todo o elenco, certo?
Nóbrega – Comissão técnica e jogadores. Para um clube pequeno é muito dinheiro.
VERBO – São quantos jogadores, e quantas pessoas [empregadas] no total?
Nóbrega – O elenco vai ter 28, e na comissão temos nove. Isso só no profissional.
VERBO – Está de bom tamanho?
Nóbrega – Sim, é o normal em muitos clubes.
VERBO – Ou seja, R$ 40 mil por mês para pagar 28 jogadores e mais nove da comissão técnica, incluindo o treinador.
Nóbrega – Sim, não é fácil, tem que gostar muito do clube.
VERBO – Qual o orçamento total do Cats no ano?
Nóbrega – Só no profissional, R$ 400 mil.
VERBO – E com as demais categorias?
Nóbrega – [Com] Os esportes amadores, o gasto é menor. E temos uma grande parceria com a Secretaria de Esporte, para tirarmos os jovens da rua e levarmos ao esporte.
VERBO – Presidente, de onde vem esse recurso?
Nóbrega – Pequenos patrocinadores. E dinheiro próprio.
VERBO – Próprio?
Nóbrega – Dinheiro familiar.
VERBO – Investimento alto?
Nóbrega – Comparado aos gastos do futebol brasileiro [em geral], não.
VERBO – Prefeitura investe?
Nóbrega – Não.
VERBO – De nenhuma forma?
Nóbrega – O clube tem um convênio com a Secretaria de Esportes, onde usamos o estádio para treinos e jogos. O resto é tudo subsidiado pelo clube.
VERBO – A prefeitura precisaria investir mais no estádio?
Nóbrega – Acredito que quanto mais o clube crescer de divisão precisaríamos de um estádio maior. Mas o prefeito é um grande esportista e vai sempre fazer o melhor para o esporte.
VERBO – Você fala da arquibancada?
Nóbrega – Sim. Hoje o nosso estádio está todo liberado, com toda documentação em ordem. Fazia oito anos que o estádio nem documento tinha. Agora, está tudo organizado.
VERBO – Mas e outras dependências? Teríamos como ampliar?
Nóbrega – Eu não sou engenheiro nem arquiteto. Mas acredito que sim.
VERBO – E o jogo em Barueri contra Guarujá. O que esperar?
Nóbrega – Vitória. E sempre uma entrega maior do time.
VERBO – Presidente, e as musas? Torcida aprovou?
Nóbrega – O público gostou.
VERBO – É mais ajuda?
Nóbrega – Você gostou?
VERBO – Bonitas. Bom, gostam de futebol. E jogam?
Nóbrega – [ri] O importante é que foi bonita a festa.
VERBO – O Cão Pastor vai crescer ainda, certo?
Nóbrega – Vai, esse é o objetivo, levar o clube ao grande cenário do futebol.
VERBO – E a torcida entra onde?
Nóbrega – É fundamental.
VERBO – Qual o público hoje, pouco, não?
Nóbrega – Para um jogo de porte pequeno, eu gostei.
VERBO – Qual seu cálculo?
Nóbrega – Umas 500 pessoas.
VERBO – Neste jogo de estreia, a entrada foi com ingresso?
Nóbrega – Sim, a federação [Federação Paulista de Futebol] obriga a cobrar.
VERBO – [Preço] Simbólico?
Nóbrega – Cinco reais.
VERBO – Para todos os jogos, mesmo valor?
Nóbrega – Sim.
VERBO – Dinheiro é revertido para quem?
Nóbrega – Para pagar o custo do próprio jogo. Tem que pagar gandulas, lanches para o policiamento, médicos e todos que trabalham no jogo…
VERBO – Arbitragem também?
Nóbrega – …fiscal da federação. A federação não paga nada. É muito difícil ser presidente de clube pequeno, tem que ser muito apaixonado.
VERBO – Arbitragem também?
Nóbrega – Sim. Tem jogo que dá prejuízo, a grande maioria.
VERBO – Bom, mas por que Cão Pastor?
Nóbrega – O mascote.
VERBO – E por que cão pastor como mascote?
Nóbrega – Quando fomos campeão de 2004, um pastor alemão apareceu no estádio, e os jogadores da época adotaram esse cachorro, que passou a fazer parte do elenco, acabou virando o nosso mascote oficial.
VERBO – Está vivo?
Nóbrega – Morreu, há uns cinco anos.
VERBO – Simboliza a raça do time…
Nóbrega – Sim.
VERBO – E o Gustavo [grande destaque do Cats na Copa São Paulo], está indo bem [no Criciúma]?
Nóbrega – Sim. Ele é talentoso, um grande menino.
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