ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Familiares e amigos, emocionados, despediram-se do ator e diretor teatral Mário Pazini e lembraram como homenagem a contribuição deixada pelo artista que construiu carreira e militou na cultura em Taboão da Serra ao atuar na Paixão de Cristo e idealizar o Teatro Clariô. Mário foi enterrado na tarde desta terça-feira, dia 1º, no Cemitério da Saudade, na cidade, sob palmas. Ele morreu na segunda, dia 31, de câncer na pleura (membrana que encobre os pulmões), aos 51 anos.
“Tive o privilégio de dirigir o Mário Pazini, precisava de alguém para fazer Cristo e me apresentaram ele, como ator da cidade, e foi uma das pessoas mais importantes para a Paixão de Cristo”, disse o diretor Zé Maria Lucena. Ele lembrou o “irmão” também como grande ativista da cultura. “Perdemos um grande militante que estava brigando por verba para o município construir não um teatro, mas galpões culturais na cidade, e por recursos para o Fundo de Cultura”, destacou.
O ator e diretor Walter Costa disse que Mário, com quem contracenou e a quem dirigiu, “fez a Paixão de Cristo com muito amor, como continuidade do que a família iniciou”, ao citar que o ator estava no ventre da mãe quando os pais atuaram em 1962. “Vi momentos emocionantes como quando ele, na via-crúcis, foi abraçado pelo ‘seu’ Manoel da Nova [criador da Paixão], que trabalhou com o pai dele. Pazini fazia tão bem Cristo que enquanto houver a Paixão ele será inesquecível.”
O ator Joselito Gaza atuou com Mário em momento que, como “o traidor”, definiu como “mágico”. “Foi uma inesquecível experiência trabalhar com o Mário, ele fazendo Cristo e eu, Judas. Ele foi um grande colega de palco, amigo, mestre, era sempre muito generoso comigo, aprendi muito com ele”, declarou. Como João Batista, o ator Joel Macedo contracenou com Mário e disse que “ele faz parte da nossa história”. “Ele fez tanto o Cristo na Paixão que agora vai ao encontro dEle.”
Mário também foi reverenciado por ser um dos fundadores do Clariô, em 2005. “Do grupo que nasceu a partir de oficinas para iniciantes no teatro, ele transformou em um megaespaço. Pazini é o supra-sumo de tudo isso, um mestre”, afirmou Costa. “Sem apoio nenhum do poder público, o Clariô se tornou referência, haja vista que ganhou o prêmio ‘Governo do Estado’”, frisou Lucena. A premiação coroou o trabalho de Mário, elogiado ainda pela direção da peça “Hospital da Gente”.
O autor da obra (“Contos Negreiros”) que inspirou o premiado espetáculo, Marcelino Freire, e outros renomados artistas como o também poeta Sérgio Vaz estiveram no enterro. Compareceu ainda o ex-secretário de Cultura Ali Sati. O atual secretário, o vice-prefeito Laércio Lopes, esteve no velório e por meio do Facebook disse que com a morte do idealizador do Clariô e do “homem que foi protagonista” da Paixão de Cristo por tantos anos “ficamos com nossa arte desfalcada”.
“Pazini era um cara fantástico, generoso, de muito bom humor, tanto que não estou triste por sua morte, mas já sinto falta das risadas que dávamos nos ensaios de ‘Soltando o Verbo’ de coisas que descobríamos juntos. Tanto que em uma piada na peça que não acertávamos nunca ele deu um toque de tempo e resolveu”, disse o ator Eddie Ferraz, com os olhos marejados, “não por um sentimento ruim, mas de saudade”. Mário deixa mulher, a atriz Naruna Costa, e três filhas.
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