Francisco Jr. fala em erro nas contas e nega abuso do poder econômico

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Juquitiba

O prefeito de Juquitiba, Francisco de Araújo Melo (PPS), disse que se tornou alvo de cassação por mero “erro contábil” na prestação de contas da campanha eleitoral em 2012 e que fez gastos de “valores irrisórios” para ser processado por abuso de poder econômico, e tachou a denúncia como irresponsabilidade da coligação perdedora, em entrevista na sexta-feira, no dia 21, no gabinete. Cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral, que confirmou sentença da Justiça de Itapecerica da Serra, Francisco Jr., como conhecido, obteve uma liminar no próprio TRE-SP e permanece no cargo, em decisão provisória.

Francisco Jr. responde por arrecadação de R$ 14.000 antes da data de abertura da conta da campanha, gastos irregulares de R$ 5.001,20 com combustíveis e despesas individuais acima de R$ 300 não quitadas com cheques, transferência eletrônica ou débito e que superaram total de R$ 5.000. Ele disse que a ação, movida pela candidata à reeleição derrotada Cida Maschio (PDT), se limita a R$ 5.000. “A minha cassação foi por má prestação de contas. Tirar um prefeito do cargo por abuso de poder econômico por causa de um valor irrisório é não ter responsabilidade com o município”, declarou.

Francisco Jr. (dir.) e vice Roberto Lamartino falam à imprensa sobre perda do mandato, suspensa por liminar

O prefeito atribuiu a falha a uma campanha com poucos recursos. “Foi tão simples a ponto de não ter quem pudesse fazer a prestação de contas”, afirmou. Ele disse que gastou nos três meses antes da eleição “pouco mais de R$ 50 mil” enquanto enfrentou campanhas milionárias. “Houve campanhas que custaram dez vezes mais, e prestaram conta de pouco mais que isso [que gastei]”, disse. E atacou a rival. “É um grupo político que não quer o bem da cidade, já esteve aqui e pouco se fez, eles só se preocupam com o próprio umbigo”, disparou. O VERBO não conseguiu falar com a ex-prefeita Cida.

Questionado pela reportagem se não foi favorecido por ter sido empossado com as contas irregulares enquanto a segunda colocada não teve pendências insanáveis, o prefeito disse, em tom alterado, que não foi beneficiado e relativizou a objetividade da legislação. “Quem viveu a campanha de perto viu que não tive vantagem nenhuma. As regras eleitorais têm que ser cumpridas, mas nossas leis sempre dão margem para interpretações diferentes”, disse. “Os erros na minha prestação de contas não foram suficientes para que eu me sobressaísse em relação a nenhum outro candidato”, frisou.

Para Francisco Jr, a “vitória foi sofrida e limpa”. “Eu era o terceiro colocado, ganhamos pelo voto legítimo de quem queria mudança e que as pessoas que estavam aqui não mais voltassem”, disse. Perguntado se entraria na Justiça caso perdesse por diferença mínima de votos e o vencedor tivesse prestação de contas irregular, e se achava justo a adversária ter ingressado com a ação, ele se esquivou. “Prefiro não responder, vamos fazer um bom trabalho e se eu vier para a reeleição ter apoio maior do nosso povo”, disse. Ele venceu a eleição por pequena diferença de 118 votos para a então prefeita.

Ele garantiu que “a prefeitura nunca parou, os secretários continuaram trabalhando” enquanto recorria da cassação, mas admitiu que Juquitiba vive uma “instabilidade política”, em que a população se pergunta se o prefeito continua no cargo, o empresário não confia em investir na cidade “e o próprio Legislativo se abala”, disse. “Eu elegi na minha coligação três vereadores. O candidato que ficou em terceiro elegeu três. Como a máquina [gestão Cida Maschio], nossa maior oposição, elegeu cinco, com seis tenho apoio da maioria, mas não é assim, até os três eleitos comigo ficaram abalados”, revelou.

Francisco Jr. avaliou que a turbulência tem efeito negativo em um raio muito grande ao relatar que um deputado amigo telefonou para falar que tinha emenda de recursos financeiros para a cidade, mas que tinha dúvida em enviar. “Ele disse com todas as palavras: ‘Será que devo mandar, o sr. não sabe se fica, não é?’. Parei. E falei: ‘O sr. pode mandar a emenda, ela não virá para mim, virá para o município'”, contou. O vice Roberto Lamartino (PV), que ficou ao lado do prefeito o tempo inteiro sem falar, no final disse que “só queremos trabalhar e deixar nossa marca na história de Juquitiba”.

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