Aprígio pode ter meu apoio se for governo, mas não convence, diz Nóbrega

Especial para o VERBO ONLINE

Vereador Eduardo Nóbrega (PR) fala ao VERBO na Câmara em resposta a declarações do ex-vereador Aprígio
Vereador Eduardo Nóbrega (PR) fala ao VERBO na Câmara em resposta a declarações do ex-vereador Aprígio
Vereador Eduardo Nóbrega (PR) fala ao VERBO na Câmara em resposta a declarações do ex-vereador Aprígio

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O presidente da Câmara de Taboão da Serra, Eduardo Nóbrega (PR), disse que Aprígio (PSB) tem uma postura incoerente, mas que não será impedimento para que o ex-vereador componha o grupo político comandado pelo prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e até lance a pretendida candidatura a deputado federal com o apoio dos novos aliados desde que demonstre adesão ao governo. “Ele precisa definir um lado”, criticou Nóbrega. “Por enquanto, pela campanha recente e suas últimas declarações, é impossível que faça parte do nosso grupo”, completou.

Nóbrega recebeu o VERBO nesta segunda-feira, dia 10, para comentar declarações de Aprígio, que o tachou de infantil e de querer do prefeito só “o lugar dele e o dinheiro que tem”. Em mudança de estratégia, Nóbrega teve cuidado com as palavras e não respondeu com rispidez, como na anterior troca de farpas sobre ser situação ou oposição. Entre diplomático e dócil, procurou sair da mira e deixar de ser instrumento de Aprígio para se aproximar de Fernando. Sugeriu que o ex-vereador finge apoio por interesse particular. “Não se pode fazer aliança por um fato isolado.”

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VERBO ONLINE – O ex-vereador Aprígio disse que seria natural ser candidato a deputado federal em aliança com o grupo político de Fernando Fernandes, que a campanha para prefeito em 2012 foi outro momento e agora a situação é outra. Ele está em condição de buscar o apoio do prefeito?

Eduardo Nóbrega – É uma boa pergunta. Se ele acha que está, pode estar sendo costurado algum acordo com o governo que dê a ele essa certeza. É evidente que qualquer candidato a deputado federal ia procurar o apoio de um prefeito para que pudesse fortalecer a sua candidatura.

VERBO – Ele disse que a disputa para a prefeitura era uma outra situação e não houve campanha suja. Concorda?

Nóbrega – É importante sempre voltar às campanhas passadas, àquilo que é falado, o político deve se pautar por isso mesmo, não é possível mais nós irmos às ruas, prometermos à população projetos, ações em troca do voto e depois simplesmente esquecermos o que foi falado, prometido, isso não deve ser feito mesmo, tem razão o ex-vereador Aprígio lembrar do passado. Eu tenho outra visão da campanha que aconteceu, teve um período muito difícil, em que acusações até no campo pessoal eram feitas ao nosso candidato.

VERBO – Exemplo.

Nóbrega –  Que a colocação da candidatura do Fernando era uma volta ruim ao passado, que seria tudo de pior que poderia acontecer a uma cidade que estava buscando um caminho correto. Mas é tranquilo verificar, basta buscar as matérias dos jornais, principalmente os que eram elaborados pelas próprias campanhas. Isso é importante salientar, porque qualquer aliança posterior que rompa drasticamente com aquilo que foi colocado não se sustentaria. Não posso dizer se foi o caso da última eleição.

VERBO – Aprígio está sendo coerente?

Nóbrega – Eu acredito que ele precisa definir um lado! Respeitando aquilo que foi feito, é evidente que temos que entender que em nome da governabilidade novas alianças são possíveis, desde que se respeitem o programa de governo, ideologias, não se pode fazer aliança para um fato isolado, um fim não pode justificar o meio. Mas acredito, sim, que novas alianças devem surgir no novo cenário municipal, e essa é uma delas. Só espero que qualquer aliança respeite a inteligência da população.

VERBO – Aprígio disse em entrevista na semana passada que o senhor é uma pessoa infantil, que quer tomar o que os outros têm. Disse ainda que o que alguém como o sr. pode querer do prefeito Fernando Fernandes a não ser o lugar dele, o poder, e o dinheiro que ele tem, simplesmente isso.

Nóbrega – Sobre se ser “infantil”, não sei se ele está se referindo à minha prática política. É uma prática nova, estou com um ano e dois meses de mandato, evidente que tenho muito que evoluir e crescer.

VERBO – Mas inexperiência é bem diferente de ser infantil.

Nóbrega – É… [Mas] Se ele falou no sentido de inexperiência, e acredito que tenha sido, já que depois ele arremata dizendo que quero ter o que os outros têm, é o caminho que estou traçando, sim. Tenho como liderança política Fernando Fernandes, é uma referência, e tenho trabalhado para ser prefeito de Taboão da Serra em um futuro breve, o meu projeto é político é para daqui sete anos eu realmente seja candidato. Mas sei que tenho um caminho longo de trabalho, sei que tenho que me manter do lado em que fui eleito, o do grupo do prefeito Fernando Fernandes. Tive a coragem – talvez, um fato inédito – de dizer que assumiria os erros e acertos do governo e que ao final sairia como candidato a prefeito, levando a bandeira daquele grupo que defendi e do qual fiz parte. É assim que eu pretendo chegar, quero realmente ter a oportunidade que o Fernando teve.

VERBO – Pela lógica, ele se referiu a um futuro mais breve, já a eleição em 2016.

Nóbrega – Aí que deve ser o grande detalhe. As pessoas, talvez até por conta do prestígio, do apoio político que eu tenho, ou expressão que o nosso grupo tenha alcançado na cidade, por várias vezes tentam colocar essa picuinha, esse embrião de discórdia na minha relação com o prefeito, falando da possibilidade de o PR ter candidatura própria já na próxima eleição. Eu tive a oportunidade de falar para o VERBO, inclusive, que isso não irá ocorrer, nós do PR iremos apoiar a candidatura do Fernando nos oito anos de mandato [com possibilidade de reeleição]. A única hipótese de o PR lançar nome a prefeito já na próxima eleição é o próprio Fernando indicar essa candidatura. Mas é improvável, praticamente impossível, já que o prefeito, graças a Deus, se encontra bem de saúde e administrativamente, e certamente será candidato à reeleição e terá o apoio histórico da família Nóbrega e do PR.

VERBO – Para Aprígio, o sr. busca empurrá-lo para a oposição para que tenha apoio exclusivo do prefeito como candidato a federal da região.

Nóbrega – Eu nem defini a minha candidatura a deputado federal. Há possibilidade, o partido dá todo apoio, tivemos aqui na região dois vereadores com votação expressiva [o próprio Nóbrega, e Jefferson do Caminhão do Lixo, de Embu, com mais de 4 mil votos] e podem postular, mas a minha candidatura passa pelo apoio do grupo político que se encontra no poder hoje, minha candidatura não será colocada se o grupo não desejar. O Aprígio só inverte as coisas quando diz que quero ser exclusivo, como não quero dividir o apoio se ele não faz parte do nosso grupo político [ri]. Eu não entendo porque ele fica chateado com essa afirmação quando ele mesmo dá entrevistas a todo tempo deixando claro que não é, que não faz parte da situação, a menos, reafirmo, que exista um acordo entre ele e o nosso grupo político que eu desconheça. De tanto ele falar isso, começo a imaginar que possa existir algum início de conversa.

VERBO – Para Aprígio, a possível aliança entre PSDB e PSB favorece uma composição de chapa entre ele a deputada Analice.

Nóbrega – Eu quero ser muito coerente nas minhas respostas. Preciso entender que novas alianças surgirão, só não vou perder o meu princípio político. Desde que respeitem o passado, levem em conta as acusações feitas, os princípios programáticos, elas são saudáveis. No caso de acontecer uma aliança dessa em nível estadual e o governo entender que é o melhor para o nosso grupo político, eu irei apoiar essa situação.

VERBO – Irá apoiar Aprígio?

Nóbrega – Eu apoio a aliança que o nosso grupo fizer. Falando isso, de repente, acabam as polêmicas entre mim e ele, porque até hoje não falei nada contra o ex-vereador Aprígio. Só disse que ele tinha perdido a oportunidade histórica de liderar a oposição. No caso de uma aliança entre PSDB e PSB, em que os melhores nomes para a cidade sejam da deputada Analice para estadual e de Aprígio para federal, e eu estiver convencido dentro do grupo – sou um político de grupo -, eu apoiarei sem problema nenhum, abdicando da minha candidatura. Desde que seja decisão do grupo.

VERBO – Aprígio disse não teria nenhum problema em compor com Analice e, se houver disputa, vai ser contra outro candidato da cidade, que é o seu caso.

Nóbrega –  Aí que o ex-vereador peca, ao não ter a mesma humildade e clareza que eu tenho de seguir a linha política que o meu grupo determinar. A hipótese de dobrada com Analice que ele prevê vai passar pelo crivo do grupo. Se aprovada, não haverá disputa. Nessa circunstância, eu me mantendo no grupo, apoiaria essa candidatura.

VERBO – Com a composição, qual a possibilidade de existirem a candidatura do sr. e do ex-vereador?

Nóbrega – Elas não se excluem. Se o Fernando entender que as duas candidaturas são importantes até para fortalecer a candidatura de Analice, vou seguir a orientação do nosso grupo político, da minha parte não haveria nenhuma inviabilidade. Esta é uma grande oportunidade de acabar de vez com qualquer polêmica entre mim e ele, não tenho nada pessoal ou político que possa impedir a vinda dele ao grupo. Agora, só vou defendê-lo como aliado no dia em que isso acontecer. Por enquanto, pela campanha recente e suas últimas declarações, é impossível que o ex-vereador Aprígio faça parte do nosso grupo político.

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