Comissão da Verdade pode convocar religiosos que apoiaram ditadura militar

Especial para o VERBO ONLINE

Fotos de mortos e desaparecidos políticos; comissão ouviu depoimentos sobre atuação das igrejas

Da Redação do VERBO ONLINE

O grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade dedicado a apurar a atuação das igrejas cristãs durante a ditadura militar (1964-1985) poderá convocar a depor religiosos que de alguma forma apoiaram a repressão. O coordenador do grupo, o ex-preso político metodista Anivaldo Padilha, informou que está sendo apurada a atuação, por exemplo, dos capelães militares, padres ou pastores autorizados a fazer celebrações e prestar assistência em quartéis.

“À medida que nós conseguirmos identificar pessoas das igrejas que tiveram uma ligação direta com a repressão, vamos chamá-las para depor. Um exemplo de algo que estamos investigando é o papel dos capelães militares. Sabemos que eles acompanharam e estavam lá nos quartéis do DOI-Codi [Destacamento de Operações de Informações-Centro de Defesa Interna]. Certamente tinham informação sobre o que ocorria nos porões da ditadura, e alguns deles chegaram a acompanhar presos políticos”, disse.

Fotos de mortos e desaparecidos políticos; comissão ouviu depoimentos sobre atuação das igrejas
Fotos de mortos e desaparecidos políticos; comissão ouviu no Rio depoimentos sobre atuação das igrejas

Segundo Padilha, a falta de documentação sobre os encontros desses religiosos com os presos é um dos principais obstáculos. “É uma informação que não é registrada em nenhum documento. Não tem um que diz que o capelão Fulano de Tal esteve presente com o preso Fulano de Tal. Tem que ser por meio dos depoimentos dos presos que podemos identificá-los”, acrescentou, de acordo com a Agência Brasil.

O grupo de trabalho ouviu nesta quarta-feira, dia 18, na Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro, sede da Comissão da Verdade do Rio, mais dois depoimentos sobre a atuação das igrejas durante a ditadura. “Os depoimentos confirmaram a visão que nós já temos no grupo sobre o papel das igrejas, que foi um papel contraditório”, disse.

“Tivemos setores que participaram ativamente na criação do clima que possibilitou o golpe e apoiaram a ditadura, foram coniventes e negligentes em relação às graves violações dos direitos humanos. E, ao mesmo tempo, tivemos setores que resistiram bravamente. Temos pessoas ligadas diretamente às igrejas que estão entre os mortos e desaparecidos”, frisou.

* Com informações da Agência Brasil

comentários

>