ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Marcos Paulo (Pros) afirmou na sessão na terça-feira (20) que na Câmara de Taboão da Serra “tem vereador que não respeita vereador” e que “pode mudar” o posicionamento em relação a alguns colegas da Casa. Disse que vai continuar a apoiar o governo Fernando Fernandes (PSDB), como desde o início (2013), mas por “coerência” e que está “cansado da ausência de respeito”. Ele iniciou a fala com a letra de música “Respeite quem pôde chegar aonde chegou”.
Apesar de velado, o discurso de desabafo e “recado” de Marcos Paulo foi visto como reflexo de forte insatisfação no seio governista. Vereadores da base de Fernando se revoltaram após o prefeito convidar apenas o vereador Eduardo Nóbrega (PR) para participar de uma reunião na Secretaria Estadual de Educação para discutir sobre a reorganização escolar determinada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) na semana passada, conforme revelou o “Taboão em Foco”.
A deputada Analice Fernandes (PSDB) e a diretora de ensino Maria Mercês Martins, que apresentou a reorganização na região, também participaram do encontro com o secretário de Educação, Herman Voorwald, na capital. Em vídeo, Nóbrega disse ter sido convidado por Analice e Fernando e que foi “um dia especial” para o seu mandato ao discutir “assuntos como o fechamento ou não da escola Alípio e […] mudanças em tantas outras escolas em nossa cidade”.
Segundo o site, alguns vereadores viram o encontro como uma traição de Nóbrega, já que o tema é discutido há duas semanas por outros parlamentares, que chegaram a aprovar dois requerimentos de pedido de explicações do governo Alckmin sobre a reorganização da rede e a garantia de que nenhuma escola será fechada no município. Mas Fernando também não foi poupado. Um grupo de vereadores não apareceu na reunião semanal da base com o prefeito.
Além do boicote, governistas, entre eles o presidente Cido (DEM), Ronaldo Onishi (SDD), Joice Silva (PTB), Érica Franquini (PSDB) e Marcos Paulo, não hesitaram em deixar o plenário ou ficar de costas para Nóbrega enquanto discursava, ainda de acordo com o “TF”. Em uma das cenas emblemáticas do clima hostil, Nóbrega precisou aguardar o público se aquietar para iniciar discurso ao não ter como pedir garantia de silêncio para o presidente, que tinha se retirado.
Em vez da regra de fazerem a portas fechadas para não expor o governo, eles também tornaram públicas cobranças para o prefeito atender “reivindicações” em seus redutos eleitorais. Apesar da revolta, os governistas teriam sido “punidos” com exclusão na agenda com o secretário por terem feito discursos enfáticos contra fechamento de escolas, inclusive André Egydio, do PSDB. “Sempre que precisar estar ao lado da população, estarei”, disse Egydio ao VERBO.
Marcos Paulo disse que “nossas decisões e falas têm que ser respeitadas”, mas reconheceu que vereadores têm que ter autorrespeito para serem respeitados, indicando não terem autonomia perante o governo. “Tive posicionamento de apoio ao governo, nestes três anos, e seguirei apoiando, vou às ruas com este governo por defender até aqui, tenho coerência. Mas algumas pessoas não respeitam este vereador ou a Casa, tem vereador que não respeita vereador.”
Ele ameaçou ter outra postura na Casa e frente ao governo. “O meu posicionamento com alguns colegas pode mudar. Cansei, estou cansado da ausência de respeito. Ando por onde for, sento com quem quero para conversar”, disse. Mas com a experiência de 26 anos de política agirá com “estratégia”. “Vamos ver quais serão os desdobramentos [do impasse]. Estou certo que a frase ‘Respeite quem pôde chegar aonde chegou’ terá sentido maior”, disse Marcos Paulo.