Fernando acha que estado de saúde de Adriana matou mãe e bebê no Antena

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) disse que o próprio estado de saúde da gestante Adriana Maria de Andrade pode ter provocado a morte da paciente e também da criança que esperava após o parto na Maternidade do Antena, em Taboão da Serra, no último dia 1º de setembro. Ele chegou a dizer que “se houver culpados vão ser punidos”, mas sugeriu que é improvável ter ocorrido “erro” em razão de os profissionais envolvidos no atendimento não serem inexperientes.

Fernando disse que “tivemos dois casos” e o da morte de Adriana também não seria erro médico. “Estamos averiguando, pelo resultado da autópsia, também nos leva a crer que pode ser fatalidade, as causas deram coagulação intravascular disseminada, atonia uterina e uma terceira causa…”, disse. Auxiliado por um secretário, falou que ela era diabética e hipertensa. “Uma pessoa que tem todo esse quadro é muito provável que possa ter alguma coisa [complicação]”, afirmou.

Fernando Fernandes diz em entrevista coletiva que  'autópsia nos leva a crer em fatalidade'
Fernando diz em entrevista coletiva que ‘autópsia nos leva a crer em fatalidade’ na morte de Adriana

“Essa é uma análise muito superficial, de primeiro momento, vamos analisar, tenho colocado para todo mundo que não tem corporativismo nem nada, se houve erro, vamos encaminhar para o CRM [Conselho Regional de Medicina] e que tome todas as medidas necessárias. Agora, temos que tomar cuidado, os profissionais que estão envolvidos nesse caso não são neófitos [inexperientes], a dra. Dulce tem 28 anos de prefeitura, até está se aposentando”, continuou.

De acordo com o prefeito, a médica Dulce (sobrenome não informado) foi quem “deu o primeiro atendimento” a Adriana, que chegou ao Antena, acompanhada do companheiro Anderson Aparecido de Melo, às 4h da madrugada do dia 1º de setembro. “A dúvida era em relação ao horário em que ela devia ter feito a cirurgia, se era naquele momento, se era depois, e quem recebeu o caso foi a dra. Dulce, ela que teve de tomar a decisão, a decisão foi dela, no plantão dela”, disse.

Apesar de o prefeito falar em cirurgia, a equipe médica não procedeu de início uma cesária, mas um parto normal, apesar de o feto ter mais de 5 quilos e quase 60 cm. Segundo Anderson, o obstetra Rogério Romano Cançado empurrou a cabeça e quebrou a clavícula do bebê para que voltasse ao útero para só aí fazer a cesariana. A criança morreu em seguida, e a mãe, dez horas depois, às 16h50. Anderson acusa Cançado de negligência e não cita a médica como responsável também.

Fernando lançou dúvidas sobre a conduta do médico do pré-natal de Adriana, Hiroyuki Hashimoto, de UBS no Jardim Maria Rosa. “Esse caso, a gente está levando muito para frente, porque quer averiguar não só o que aconteceu na maternidade, quer averiguar para trás, à primeira vista, essa paciente já deveria ter sido – era classificada como de alto risco – encaminhada ao hospital de referência, o HGP [Hospital Pirajuçara], nem tinha que ter passado no Antena”, disse.

Fernando foi questionado, porém, pelo VERBO, que o médico fez encaminhamento de “agendamento cirúrgico” a Adriana, mas o Antena ignorou. “Você tem esse documento?”, retrucou. A reportagem respondeu que sim. “Então, se puder colaborar, temos uma comissão de sindicância, pode levar lá e mostrar… E estamos apurando! Se houve isso, vai estar no prontuário da prefeitura”, falou. Anderson contesta ainda que Adriana “nunca teve pressão alta na gravidez, nada”.

Anderson, que perdeu a mulher e filha no parto, mostra guia para cesárea
Anderson, que perdeu a mulher e filha no parto, mostra encaminhamento de médico de Adriana para cesárea

O VERBO relatou que Adriana foi com a guia de encaminhamento ao Antena no mesmo dia 20 de agosto, mas, segundo Anderson, a obstetra Maria Dolores Jacinto, ex-diretora e plantonista da maternidade, disse que o parto seria normal e que o médico estava “louco” em solicitar cesárea. “Tudo isso tem que ser provado. Sendo provado, ela vai sofrer todas as sanções, e não vai ser nem por nossa parte, é pelo CRM, ela tem o título [de médica] cassado”, disse o prefeito.

Ele repetiu que se trata de “profissionais que têm uma vida de serviços prestados à cidade e que podem perder todos os direitos acumulados até hoje”. A reportagem disse que é o que a família espera. “Comprovado o erro dessa natureza, vai acontecer isso”, respondeu. Mas disse que não há previsão para o fim da apuração. “A SPDM vai fazer todo um processo administrativo, não somos nós. Com a nossa participação, encaminhará ao CRM. Lá o médico é julgado, não aqui.”

Fernando afirmou que a SPDM, gestora do Antena, “tem todo o interesse” em apurar. “Eles não vão querer denegrir a imagem da instituição por conta de um erro que algum profissional possa ter cometido”, disse, com ênfase para a hipótese. Ele disse estar muito satisfeito com o serviço prestado, que “tentar denegrir um serviço por um caso não é justo” e que se algum médico competente da antiga gestora, a Iacta, foi aproveitado, “fez-se justiça ao bom profissional”.

O prefeito falou sobre as duas mortes no Antena em uma semana após ser questionado pelo VERBO, em entrevista no sábado, dia 6. Ele disse, porém, que o caso da morte de Angélica Gomes de Oliveira, 25, “já foi bem estabelecido”. “Foi um AVCh [derrame cerebral por sangramento], provavelmente por rompimento de aneurisma. Esse [caso], sem dúvida nenhuma, é uma fatalidade”, disse. Família denuncia que a morte foi causada por laqueadura em seguida ao parto.

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