ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Santa Tereza, em Embu das Artes
Cerca de 10 mil pessoas participaram da Festa do Trabalhador no largo do Santa Tereza, em Embu das Artes, nesta sexta-feira, 1º de maio, que teve ato político e shows como do cantor Péricles, ex-Exaltasamba, que fechou a noite. Integrantes do Sindicato dos Químicos e o deputado estadual Geraldo Cruz (PT), promotores do evento, discursaram contra o projeto de terceirização das relações de trabalho. Um grupo em meio ao público hostilizou os oradores.
O coordenador do Sindicato dos Químicos em Taboão da Serra, Embu e Embu-Guaçu, Carlos Gomes Batista, o Carlinhos, disse que a flexibilização das leis trabalhistas vai prejudicar o “setor do trabalho, o chão de fábrica”. “Um dos pontos críticos e contra qual nos colocamos é a questão da terceirização. A patronal [empresários] diz que é preciso baixar o ‘custo Brasil’. A nossa visão é de que terceirizar é precarizar a mão-de-obra e os direitos trabalhistas”, disse.
Para Carlinhos, a terceirização representa insegurança no trabalho e prejuízo a novos trabalhadores. “De cada dez trabalhadores acidentados, oito são terceirizados. E para eles [jovens], que estão entrando no mercado de trabalho, é um prejuízo. Nós [com tempo na ativa] já estamos com um patamar de salário, mas eles vão ter uma perda de 20 a 25%”, afirmou o sindicalista. O polêmico projeto de lei 4330, de 2004, está em tramitação no Congresso Nacional.
Geraldo disse que a terceirização é “desastre” para os trabalhadores. “É um projeto que tira direitos já conquistados, diminui salário, um desastre para a classe trabalhadora. Tenho certeza que a presidenta Dilma [Rousseff] vai vetar, mas espero que o Senado faça mudança, não é ser contra parceria [na relação patrão-empregado], mas não é dar tudo de mão beijada, só a empresa ganhar dinheiro, e o trabalhador perder todos os seus direitos e vantagens”, declarou.
Ao discursarem, sindicalistas e o deputado foram xingados por cerca de dez pessoas, jovens, mais no meio da massa e algumas à frente do palco que também faziam gesto obsceno. Geraldo, que chegou a ser aplaudido e foi ouvido pela maioria do público, minimizou o incidente. “Sinceramente, não vi. Vi um silêncio, pararam para me ouvir, é muito difícil um político falar e ser ouvido. Com tanta gente, lógico que vai ter um outro desavisado que não goste”, falou ao VERBO.
Um homem chegou a pular a barreira ao público e foi contido por seguranças, mas conseguiu se desvencilhar, saltou para tentar alcançar o palco e quase tocou em Geraldo. “Na verdade, ele é conhecido do [sindicalista] Tucão, [e tentou subir] na hora que ele falava, estava dizendo que não gosta do PT. Fui conversar com ele depois. Conheço a rapaziada, ele é de Taboão, não é nem de Embu. É normal uma divergência aqui, ali, acontece com todo mundo”, completou.
O vereador Doda Pinheiro (PT) ajudou a afastar o deputado quando o homem deu o “bote”. “Identifiquei alguns que gritavam, é coisa mandada”, disse o aliado sobre Geraldo ser pré-candidato a prefeito em 2016, mas não disse nome. O secretário Paulo Giannini (Governo), que anunciou as lideranças ao palco, relevou a hostilidade e disse que “foi coisa de jovem” avesso a política. “Muita gente veio não pelo 1º de maio, pelo dia de luta, mas pelo show mesmo”, lamentou.
“Pela forma como é trabalhada a cabeça dessa meninada, acha que a liberdade de se expressar sempre teve. Inclusive, podem ser usados, já que nessas ‘manifestações democráticas’ tem gente que fala na volta da ditadura”, disse Giannini. Questionado pelo VERBO, ele negou que o protesto foi contra o PT, por alguns terem feito gesto de “roubo” pelo caso Petrobras. “Anunciei presidentes de outros partidos, e teve manifestação. É contra a classe política em geral”, disse.
A festa ocorreu desde a manhã com apresentação da Banda Municipal, grupos de balé e capoeira, medição de pressão e orientação sobre dengue, festival de futebol de salão, atendimento jurídico e emissão de carteira de trabalho em programação encerrada com shows, em um lugar de espaço restrito. Mas os organizadores justificaram a realização no local. “O trabalhador da fábrica está [mora] na periferia”, disse Carlinhos. A Guarda Municipal não registrou confusão.
A terceirização de setores das empresas, diminui os salários dos trabalhadores em comparação dos trabalhadores contratados. O que as empresas querem é a terceirização da atividade meio. Com isso as empresas lucram. A diferença salarial afronta Principios Constitucionais. Dr Marcos Raul advogado trabalhista.