Acise critica gestão Chico por enchente e alardear ‘paraíso’ e apaga mensagem

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Acise (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Embu das Artes) criticou no domingo (27) no seu perfil no Facebook o governo Chico Brito (PT) após a enchente no sábado e questionou a administração por divulgar pesquisa de uma revista pela qual a cidade é a décima melhor de se viver diante de problemas crônicos do munícipio como os alagamentos. No dia seguinte, porém, a entidade representativa dos empresários apagou a publicação na rede social.

Procurado pelo VERBO, o ex-presidente e um dos vice-presidentes da Acise Hillmann Albrecht disse ser o autor da publicação e se referido também às enchentes. “Nossa querida e amada Terra das Artes (Balneário Embu das Artes), nossa população e o comércio não suportam ficar sem energia em pleno Natal, dias 23, 24, 25, 26 e 27 de dezembro e contabilizar seus prejuízos”, escreveu ele, em tom irônico. Em seguida, reprovou alarde sobre pesquisa de “IstoÉ”.

Vice-presidente da Acise Hillmann Albrecht e uma das fotos da postagem que fez com críticas à prefeitura

“O comentário é correto, não adianta botar outdoor dizendo que Embu é a décima melhor cidade de se viver, o resultado não é esse, Embu ganhou, em décimo lugar, em um entre 212 itens. A classificação geral coloca Embu no centésimo septuagésimo sétimo [177º] lugar, existem quatro regiões [cidades] no entorno que estão à frente de Embu. E ela não é uma das cidades melhores de ser viver com essas enchentes, falta de energia, uma série de coisas”, disse.

Para ele, a prefeitura não faz o mínimo para ao menos minimizar a enchente. “Acontece por falta de desassorear o rio. Ah, não tem máquina? Mas lá está cheio de mato. O mato pode ser cortado, facilita o escoamento da água. Tem um banco de areia bem na frente da prefeitura, debaixo da ponte. A prefeitura não tem condição de tirar dali? Não tem passagem de água, sobe tudo. São detalhes de manutenção que a prefeitura pode ir fazendo e não faz”, afirmou.

A prefeitura atribuiu as enchentes nas duas últimas semanas ao fenômeno El Niño. “Tem certa razão ao dizer que choveu 100 milímetros em uma hora, mas se tivesse vazão podia até encher e ir embora [a água]. Mas choveu às 7 da noite do sábado e às 10 da manhã [domingo] em frente a padaria [no centro] não se passava, estava alagado. Choveu, e muito, mas tem sentido Embu ficar mais de 14 horas alagado? Não. É falta de manutenção dos rios”, falou Hillmann.

Três dias depois da enchente no sábado retrasado (19), empresários prejudicados sabatinaram membros da prefeitura, entre eles o secretário de Obras, Nelson Pedroso. “Reconheceram que têm coisas para fazer, mas que estão esperando uma máquina não sei de onde. Disseram que só podiam resolver no ano que vem, que no fim do ano os funcionários não trabalham. Mas agora a água invadiu a prefeitura, e de madrugada tinha funcionário lá limpando”, criticou ele.

Moradores e lojistas protestaram que a prefeitura se mobilizou para tirar a água do prédio, mas não ajudou a limpar casas e comércios alagados. “Passei sábado e domingo visitando todos os comerciantes vítimas das enchentes, levando apoio e solidariedade da Acise. Escutei que a Acise é uma associação comercial, não de puxa-saco de governo, pelo menos isso eu nunca fui”, disse Hillmann, que presidiu a entidade por dois mandatos, seguidos, entre 2010 e 2013.

A publicação na internet, poucas horas após a enchente, teve grande apelo, com 282 compartilhamentos e 78 curtidas. “O empresariado aprovou unanimemente a postagem, deu aval integral ao que foi escrito”, avaliou Hillmann. Entre as mensagens de apoio, apenas uma internauta reparou em erros de português. “Postei no afã, no alto da revolta, à 1 e meia da madrugada [de domingo], recendo dezenas e dezenas de fotos de toda a situação caótica da cidade”, contou.

Postagem da Acise no Facebook, que depois foi apagada; comércios inundados na av. Elias Yazbek (centro)

O presidente da Acise, Batista Rodrigues, não sabia, porém, da publicação e foi pego de surpresa. Após ser avisado pela assessoria, a mensagem foi logo apagada, no fim da tarde de segunda (28), 40 horas depois de postada. Hillmann não foi avisado. “Coloquei, mas não fui eu que tirei, foi ordem do presidente. Eu assumo como tendo postado, ele tem que assumir como tendo retirado”, disse. Hillmann falou ter emitido uma posição pessoal, apesar de usar perfil da Acise.

Hillman, recebeu, porém, pouco antes mensagem do presidente, dirigida aos diretores, de que não postassem nada em nome da Acise sem antes falar com ele. Hillmann disse que “nunca na história da Acise houve tantas manifestações de apoio” dos comerciantes. Batista silenciou. “Ele tem que responder por que não pensa assim. A prefeitura erra, gastou uma fortuna com outdoors alardeando que Embu é a décima cidade melhor para se viver e estamos num caos”, disse.

O VERBO ligou para Batista, que, embora avisado por assessor de que seria contatado, não atendeu nem retornou a ligação. O governo Chico Brito foi procurado por e-mail para comentar as críticas publicadas no perfil da Acise, mas não respondeu. Em informes, diz que as chuvas “maltrataram” a cidade, que tem assistido famílias afetadas, recuperado vias destruídas e que a prefeitura, devido a perda de equipamentos, só volta a atender o público na segunda-feira (4).

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