ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O presidente Eduardo Nóbrega, na terceira e última parte da entrevista ao VERBO, diz que a Câmara vai voltar a pautar a bandeira da instalação do segundo distrito policial, criado por decreto há quase dez anos e que não saiu do papel, e ele próprio irá até em rede nacional para cobrar o governador. Ele fala também que pode apoiar o pré-candidato a governador Alexandre Padilha, se o PR se aliar ao PT, que o partido não vai lançar candidato a prefeito em 2016 para apoiar a reeleição de Fernando Fernandes (PSDB), e dá nota para o aliado histórico, ainda não dez.
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VERBO – Uma das reivindicações mais fortes da população é o segundo distrito policial, que seria no Pirajuçara. O governador Alckmin assinou a criação em 2006, mas até agora não saiu do papel, e voltou a ser promessa de campanha do prefeito Fernando Fernandes. A Câmara tem interesse de entrar nessa discussão?
Eduardo Nóbrega – Nessa questão, tenho uma responsabilidade até maior do que o prefeito, essa bandeira é do PR, levantada pelo ex-vereador Olívio, muitas vezes em rede nacional, no horário político do partido, cobrando do governador o segundo distrito. Como houve, logo no começo do ano, a garantia do governador Geraldo Alckmin da implantação, e tive a informação de imobiliárias de que já estavam alugando o prédio, eu tirei um pouco o pé do acelerador na cobrança. Mas esse tema volta à pauta [da Câmara] depois da vitória da alça do shopping, estamos no momento discutindo sobre o retorno do São Judas, e voltaremos a tratar da questão, eu volto a rede nacional cobrando o governador, o distrito passou do momento. Embu e outras regiões têm, e Taboão não tem.
VERBO – A propósito, conforme uma fala sua em tribuna em recente sessão, o governador ‘Picolé de Chuchu’ cansou e chegou a vez de o PR e a família Nóbrega, aliada histórica de Fernando Fernandes, apoiarem o PT na eleição para governo do Estado?
Nóbrega – É importante deixar muito claro que a minha linha de raciocínio naquele dia foi de que sou uma pessoa de partido. O povo critica muito aquelas pessoas que ficam trocando de partido, com razão, mas também tem que reconhecer aqueles que são partidários. Estamos no PR há 17 anos, correndo o risco de não ter quociente eleitoral, o que ocorreu na eleição em 2004, e o vereador Olívio Nóbrega quase ficou fora sendo o segundo mais votado na cidade. Mas continuamos no partido. Se o partido decidir pelo apoio ao [Alexandre] Padilha, eu, como membro do partido, irei apoiar o Padilha para governador. Foi a minha fala inicial. Dali, após provocação do membro do PT, acabei falando sobre Geraldo Alckmin, dizendo que eu entendia que se o PR tomasse essa decisão [de apoiar o petista] não estaria equivocado. O PSDB está no comando do Estado há 20 anos, e temos problemas recorrentes que não foram resolvidos, e isso muitas vezes só será resolvido com a alteração do programa de governo. O PR ainda não se pronunciou, e pode ser que apoie Alckmin. Se apoiar, estarei junto com o partido. Mas não vou deixar de criticar, em qualquer uma das situações, o governador por aquilo que prometeu e não cumpriu.
Com relação à aliança do PR com a família Fernandes, na primeira vez que subi na tribuna, disse que assumiria as decisões do governo, inclusive os erros, o que chocou muita gente, alguns políticos experientes me disseram: ‘Você é indiscutivelmente uma liderança política na cidade, com pretensões ao Executivo, é muito rim para você ficar tão vinculado à figura de Fernando Fernandes’. Mas eu não vou mudar de opinião, quero ter um vida pública coerente, não vou ser governo no momento bom e criticar quando o governo não estiver tão bem. Eu sou, acompanho a trajetória de Fernando Fernandes desde criança, o meu pai e o partido aqui em Taboão tiveram esse caminho, vou segui-lo. Deixo claro que a nossa aliança, além de pessoal, é programática, eu confio no plano de governo apresentado por ele e vou defender. Isso não me impede de discutir com ele alterações ou que se cumpra aquilo que está combinado ou conversado, de fazer uma crítica pontual a um setor que não esteja dando certo, e faço direto a ele, sempre primeiro a ele, e faço em tribuna, tenho autonomia como vereador. Mas a aliança política da família Nóbrega com a família Fernandes já vem de décadas, e seguirá durante estes oito anos. Agradeço sua pergunta, porque uma outra boataria lançada na cidade é de que o PR poderia já lançar candidato a prefeito em 2016. O PR não irá, em 2016, apoia o prefeito Fernando Fernandes [à reeleição].
VERBO – Qual nota dá para o governo Fernando até aqui?
Nóbrega – É um governo que busca o acerto a todo tempo. Considerando que a cidade sofreu com um tsunami, como qualifico o governo Evilásio Cavalcante de Farias, e todas as dificuldades que Fernando encontrou, não fosse ele o prefeito neste momento, Taboão estaria em uma situação muito pior, Taboão avança porque elegemos um prefeito experiente. Podemos, depois, pensar em um sucessor que não tenha passado pela prefeitura, e a cidade vai encontrar possibilidades políticas para isso. Mas, considerando tudo isso, podemos avaliar o governo Fernando Fernandes com uma nota 8, com tranquilidade, esperando que ao final [do mandato] possa dar dez. Avançamos muito, mas tem muito a fazer, não poderia dar nota maior.
VERBO – Como está sendo para um político jovem e em primeiro mandato comandar a principal Câmara Municipal da região?
Nóbrega – Foi um desafio muito grande. Se me perguntasse quando fui eleito se me candidataria a presidente da Câmara, diria que não. Foram muitas mudanças na minha vida e muito rápido, até comprometendo um pouco a saúde e a condição familiar – tenho visto pouco meus filhos, ainda bem que a esposa tem dado conta do recado. Mas acredito que tenho conseguido, a contento, administrar as duas situações, a Câmara, como presidente, e o gabinete, como vereador. Tenho falhado um pouco mais como vereador, individualmente, por estar me dedicando mais à gestão da Câmara, principalmente pela questão da obra do prédio. Se tudo continuar no mesmo caminho, termino a presidência no ano que vem com a reforma administrativa e concurso público feitos e com o prédio da Câmara construído. E, principalmente, com as finanças da Casa totalmente sanadas, sem nenhuma dívida de férias, 13º, pagamentos atrasados. Ao final, direi que valeu a pena, que cumpri a minha missão.