ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
As seis médicas cubanas que irão trabalhar em Embu das Artes, pelo programa “Mais Médicos”, do governo federal, disseram que chegam à cidade para prestar atendimento de qualidade e com dedicação aos pacientes e pediram colaboração e “amizade” principalmente durante os meses de adaptação. Depois de recebidas na prefeitura pelo prefeito Chico Brito (PT), as profissionais tiveram na Câmara de Vereadores festiva cerimônia de boas-vindas, com dança de crianças em projetos sociais e presença em peso de servidores comissionados e secretários municipais, na sexta-feira, dia 1º.
Maria Yermes Causse Duany, 54, Maricel Mejias Herrera, 51, Maria Georgina Nicolas Hernandez, 50, Maricel Vazquez Cespédes, 46, Maria Isabel Gonzalez Guevara, 43, Maria Eulália Quesada Arminan, 41, disseram ter 20 anos ou mais de exercício da medicina, em clínica-geral, inclusive em nações como Guatemala, Venezuela, Bolívia e China. “Agradecemos a acolhida de vocês. Temos muita experiência de trabalho em Cuba e outros países do mundo e estamos aqui para atuar com amor, humanidade e solidariedade, queremos partilhar nosso carinho”, disse Maria Duany.
As cubanas disseram que vêm se somar, não se “contrapor” aos profissionais brasileiros, e que a principal barreira será a língua, mas não intransponível. “Não temos contraposição aos colegas daqui, são médicos também, vamos trabalhar juntos”, disse Maria Nicolas. “Sempre trabalhamos na atenção básica, contra grandes epidemias, junto com equipes de saúde já aparelhadas dos países, não atuamos sozinhas, mas unidos em favor do ser humano. Seremos vitoriosos no fim”, disse Maricel Vazquez. Elas permanecerão na cidade por três anos, conforme estipulado pelo programa.
“Não é a primeira vez que vamos encontrar dificuldades, estamos acostumadas, mas somos capazes de superar com disciplina e doação”, disse Maricel Mejias, em referência ao idioma. Ela disse que Cuba tem “um sistema de saúde muito parecido ao de vocês, o SUS é muito bom” e que “os brasileiros têm muitas características do povo cubano”, e fez somente um pedido aos moradores que irão atender. “Só pedimos ao povo de Embu das Artes que nos queira bem, temos muito, muito amor para ele”, declarou Maricel. O deputado Geraldo Cruz (PT) as presentou com um livro sobre a cidade.
O prefeito, em resposta aos críticos do “Mais Médicos”, disse que a diferença de idioma é superada pela “compaixão de se colocar no lugar da pessoa que precisa de atendimento médico”, mas que a prefeitura vai fazer a sua parte e oferecer aulas de português às cubanas. “Em um mês, vão estar falando ‘oxent’, ‘uai’, até porque a dedicação de vocês é muito grande”, disse. Chico afirmou que as cubanas contribuirão para a redução de déficit de 50 médicos ainda em Embu e que o município vai buscar mais profissionais. “Pelo programa, temos direito a 21, tem que chegar mais 15.”
O presidente da Câmara Municipal, Doda Pinheiro (PT), disse que não é fácil deixar o país de origem, família e amigos “para vir mais do que trabalhar, vir se doar ao povo do Brasil e de Embu”, e manifestou apoio às profissionais cubanas. “Contem conosco, estamos juntos para o que der e vier”, disse. Ao receber cumprimento e ouvir de um vereador, Clidão do Táxi (PC do B), que receberia uma visita, logo que estivesse atendendo em uma unidade de saúde, “não como paciente, mas como amigo”, a médica Maria Duany falou: “Eu preciso de muitos amigos”.
Elas vão trabalhar nas UBS Jardim Santa Tereza (duas), Sílvia/Luzia/Tomé, Senhora de Fátima, Valo Verde e Santa Emília (uma cada), que atendem, juntas, 112 mil pessoas – o “Mais Médicos” visa as unidades mais carentes e as que atendem o programa de saúde da família. De acordo com a prefeitura, nesta semana, elas conhecerão a rede de saúde e os dados epidemiológicos da cidade, e visitarão as unidades, inclusive pronto-socorros e centro de especialidades. A partir da próxima segunda, dia 11, já estarão atendendo a população nos postos de saúde.
